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Tomografia de Resistividade Elétrica (ERT)
O método de Tomografia de Resistividade Elétrica (ERT) é um dos métodos de geoelétrica mais tradicionais aplicados em investigações geofísicas. A base do método consiste em injetar corrente elétrica no solo por meio de eletrodos; o potencial resultante é medido, permitindo calcular a resistência e, consequentemente, a resistividade.
Variações na resistividade elétrica normalmente se correlacionam com variações na litologia, saturação hídrica, condutividade do fluido, porosidade e permeabilidade, o que possibilita mapear unidades estratigráficas, estruturas geológicas, dolinas, fraturas e aquíferos.
Aplicações da ERT
A ERT é um método geofísico extremamente versátil, com muitas aplicações potenciais. Em geral, a ERT é utilizada para mapear variações de resistividade no subsolo, associadas a mudanças na litologia, saturação de água, condutividade dos fluidos, porosidade e permeabilidade.
As principais aplicações da ERT estão nas áreas de geofísica ambiental e de engenharia, embora também seja utilizada em hidrogeologia, arqueologia, exploração mineral e investigações forenses. Exemplos comuns incluem:
- Identificação de áreas com potencial instabilidade ou risco de ruptura de encostas
- Mapeamento da profundidade do embasamento rochoso
- Delimitação de aquíferos e aquitardos
- Detecção de vazamentos em aterros sanitários e áreas de descarte de resíduos perigosos
- Mapeamento da extensão de plumas de contaminação em solo e água subterrânea
- Localização de paleocanais, diques ou outras estruturas que possam impedir o fluxo subterrâneo
- Identificação de áreas com potencial de colapso cárstico (sinkholes)
- Estudo dos efeitos de processos de rebaixamento do lençol freático ou de injeção/extração de fluidos em fraturas do subsolo
Benefícios da ERT
A ERT apresenta várias vantagens em relação a outros métodos geofísicos:
Não invasiva – método totalmente não destrutivo, sem impacto ambiental.
Repetível – medições podem ser feitas a qualquer momento e em quaisquer condições, ideal para monitoramento de longo prazo.
Versátil – aplicável em ambientes muito diversos, desde minas profundas até áreas úmidas rasas.
Flexível – o arranjo e o espaçamento entre eletrodos podem ser ajustados conforme a profundidade desejada e o nível de resolução.
Custo-efetivo – método relativamente barato, especialmente quando comparado a métodos invasivos.
Execução de um Levantamento de ERT
A aquisição de dados envolve medições ao longo de um perfil, com eletrodos de corrente espaçados de forma definida. Os dados podem ser coletados usando diferentes arranjos de eletrodos, escolhidos pelo geofísico conforme os objetivos do levantamento.
A imagem de resistividade fornece dados desde muito próximo à superfície até profundidades consideráveis. A profundidade de investigação e a resolução dependem do espaçamento e da geometria do arranjo. Perfis mais longos alcançam maiores profundidades, com perda de resolução.
Os valores de resistividade aparente são influenciados por diversos fatores; por isso, a interpretação deve considerar todas as informações geológicas e hidrogeológicas disponíveis.
- Alta resistividade → baixa condutividade, geralmente associada a ar, areia ou cascalho.
- Baixa resistividade → alta condutividade, geralmente associada a argila ou água.
Potencial Induzido (IP)
O método do Potencial Induzido (IP – Induced Polarization) é um método geoelétrico que avalia a capacidade do solo ou rocha de armazenar e liberar cargas elétricas quando submetidos a um campo elétrico externo. O princípio consiste em injetar corrente no subsolo por meio de eletrodos; ao interromper ou alternar essa corrente, registra-se o decaimento do potencial elétrico, que contém informações sobre a polarização do meio.
Materiais com maior capacidade de polarização — como argilas, sulfetos metálicos, materiais orgânicos e zonas alteradas — apresentam respostas características facilmente detectáveis pelo método. Assim, variações de IP podem indicar mudanças na mineralogia, permeabilidade, conteúdo de argilas, presença de fluidos contaminantes ou zonas fraturadas.
Aplicações do Método IP
O IP é amplamente utilizado em geofísica ambiental, geotecnia, hidrogeologia e exploração mineral, devido à sua capacidade de diferenciar materiais que, embora tenham resistividades semelhantes, apresentam comportamentos distintos de polarização.
Aplicações típicas incluem:
- Mapeamento de zonas argilosas ou alteradas
- Delineação de fraturas preenchidas por água ou argila
- Identificação de plumas de contaminação (especialmente hidrocarbonetos degradados)
- Discriminação entre materiais com resistividade semelhante, mas com diferentes conteúdos mineralógicos
- Localização de sulfetos e minerais metálicos (caso clássico da exploração mineral)
- Estudos de degradação de aterros e resíduos industriais
- Avaliação de heterogeneidades em barragens, taludes e fundações
Em ambientes de engenharia, a integração IP + ERT aumenta significativamente a capacidade de interpretar zonas de ruptura, infiltração ou alteração.
Benefícios do IP
- Sensibilidade a processos geoquímicos – o IP detecta propriedades eletroquímicas, permitindo identificar argilas, contaminantes e minerais condutores mesmo quando a resistividade não apresenta contrastes fortes.
- Complementar ao ERT – a combinação de resistividade e polarização aumenta a acurácia da caracterização do subsolo.
- Não invasivo e repetível – assim como a ERT, é ideal para monitoramento temporal.
- Alta utilidade em diagnósticos ambientais – excelente para mapear plumas de contaminação complexas.
Execução de um Levantamento IP
A aquisição envolve a aplicação de corrente contínua ou semicontínua e a medição do potencial residual após o desligamento (método de decaimento) ou a resposta em frequência (método espectral). O arranjo de eletrodos é semelhante ao utilizado em ERT, e o geofísico seleciona os parâmetros em campo conforme os objetivos.
Materiais reativos, argilosos ou contendo contaminantes geralmente exibem maior cargabilidade, enquanto materiais secos, arenosos ou limpos apresentam baixa polarização.
Potencial Espontâneo (SP)
O método do Potencial Espontâneo (SP – Self Potential) é um método geofísico passivo que mede diferenças naturais de potencial elétrico no subsolo, sem necessidade de injeção de corrente. Essas diferenças ocorrem devido a processos naturais, como fluxos de água subterrânea, gradientes hidráulicos, reações eletroquímicas, oxirredução de minerais e variações na salinidade dos fluidos.
O SP é particularmente sensível ao movimento da água no subsolo — tanto ascendentes quanto descendentes — e às zonas onde há atividade eletroquímica, tornando-o especialmente útil em estudos hidrogeológicos, ambientais e geotécnicos.
Aplicações do Método SP
Por registrar os potenciais naturais do solo, o SP tem grande aplicação em situações onde o fluxo de fluídos ou processos eletroquímicos são relevantes. Entre as utilizações mais comuns:
- Mapeamento de fluxos preferenciais de água subterrânea
- Detecção de zonas de infiltração ou vazamento em barragens, taludes e aterros
- Identificação de plumas de contaminação, principalmente onde existam processos redox (degradação de hidrocarbonetos)
- Localização de correntes naturais associadas a contrastes litológicos e gradientes de salinidade
- Avaliação de zonas fraturadas ativas, através do fluxo eletrocinético
- Monitoramento de sistemas de drenagem, áreas úmidas ou surgências
- Mapeamento de estruturas enterradas que interferem no potencial natural (tubulações, drenos, estruturas metálicas degradadas)
O método é especialmente interessante para avaliar áreas onde a água está em movimento, pois o fluxo gera potenciais mensuráveis na superfície.
Benefícios do SP
- Totalmente passivo – não requer injeção de corrente, sendo extremamente simples e rápido.
- Ideal para monitorar fluxo de água – poucos métodos geofísicos têm sensibilidade tão alta ao movimento de fluidos.
- Baixo custo – necessita apenas de eletrodos não polarizáveis, cabos e um voltímetro de alta impedância.
- Ótimo para investigações preliminares – excelente para reconhecimento inicial antes de métodos mais robustos como ERT/IP.
- Alta sensibilidade a processos ambientais – perfeito para avaliar degradação de contaminantes e zonas de infiltração.
Execução de um Levantamento SP
O levantamento consiste na aquisição de diferenças de potencial em perfis ou malhas sobre a área de interesse. Um eletrodo de referência é mantido fixo, enquanto o eletrodo móvel registra as variações naturais de potencial.
A interpretação requer atenção à geologia, fluxo hídrico, presença de estruturas artificiais (cabos elétricos, cercas, tubulações).
- Valores negativos geralmente indicam fluxo descendente ou zonas de infiltração.
- Valores positivos podem indicar surgências ou fluxo ascendente.
O SP é frequentemente integrado a ERT e IP para melhorar a interpretação hidrogeológica e geotécnica.
Sondagem Elétrica Vertical (SEV)
A Sondagem Elétrica Vertical (SEV ou VES – Vertical Electrical Sounding) é um método de resistividade que mede rapidamente variações da resistência do solo com a profundidade.
As medições normalmente são realizadas injetando corrente por meio de eletrodos de corrente e medindo o potencial elétrico por eletrodos auxiliares, com espaçamentos variáveis. Isso gera um campo elétrico que permite calcular a resistência e, posteriormente, a resistividade elétrica.
Variando o espaçamento entre os eletrodos, obtém-se um perfil 1D de resistividade em função da profundidade.
Aplicações da SEV
A SEV é amplamente usada em investigações geotécnicas e possui diversas aplicações na construção civil.
Devido à sua rápida aquisição, é considerada uma técnica de reconhecimento inicial excelente para que clientes obtenham rapidamente uma estimativa das propriedades elétricas do solo e infiram diferentes formações geológicas. Essas informações podem ser incorporadas aos projetos. Exemplos de aplicações:
- SEVs são utilizadas para auxiliar no projeto de sistemas de aterramento, fornecendo estimativas da resistividade dos solos pelos quais a corrente circulará. Isso é feito posicionando uma malha de eletrodos sobre o local proposto e medindo o perfil de resistividade resultante.
- A SEV é utilizada no planejamento de rotas de dutos para auxiliar no projeto e instalação de tubulações enterradas. Os resultados são essenciais porque a profundidade de enterramento afeta diretamente as necessidades de proteção anticorrosiva externa.
- A condutividade elétrica do solo pode indicar presença de resíduos, e a SEV é frequentemente usada para mapear aterros. Isso é feito posicionando eletrodos com espaçamentos fixos e medindo a resistividade aparente ao longo dos horizontes de resíduos.
- A resistividade elétrica do solo pode indicar a presença de água subterrânea, e SEVs são comumente usadas para apoiar investigações hidrogeológicas.
- A SEV também auxilia na identificação de litologias, pois contrastes de resistividade frequentemente refletem diferenças nas propriedades físicas do meio geológico.
