Exemplos de aplicação
Estudo 1: Avaliação geotécnica para implantação de edificação (adaptado de Soupios et al, 2007)
Métodos utilizados: Tomografia de Resistividade Elétrica (ERT 2D e 3D) + integração com furos de sondagem (SPT).
Resumo técnico
A campanha geofísica identificou uma zona de baixa resistividade entre 7,5 e 9,5 m, compatível com um antigo poço ou escavação preenchida por argila — estrutura não detectada pelas sondagens convencionais devido à limitação de cobertura lateral.
O modelo geofísico evidenciou:
- contraste elétrico lateral e vertical bem definido;
- descontinuidade associada a alteração estrutural; e
- forte correlação entre os perfis ERT e os dados de SPT.
Impacto para o projeto
A investigação geofísica:
- evitou a implantação da fundação sobre material extremamente deformável;
- permitiu realocar a estrutura para zona segura; e
- reduziu custos ao evitar reforços estruturais desnecessários.


Estudo 2: Mapeamento de pluma de contaminação em aterro sanitário (adaptado de Stevanato et al, 2004)
Métodos utilizados: Tomografia de Resistividade Elétrica (ERT 2D) + integração com SEV e análise estrutural.
Resumo técnico
Os perfis de ERT permitiram mapear a extensão lateral e vertical de uma pluma de chorume, revelando anomalias condutivas contínuas entre 10 e 20 m de profundidade.
As seções geofísicas mostraram:
- zonas de resistividade muito baixa associadas ao contaminante;
- fraturas condutivas que funcionam como vias preferenciais de migração; e
- boa coerência com o levantamento SEV e com a direção do fluxo subterrâneo.
Impacto para o projeto
O estudo geofísico:
- delimitou a área contaminada e sua profundidade;
- identificou caminhos preferenciais de migração;
- orientou o posicionamento de poços de monitoramento; e
- subsidiou ações de remediação e planejamento ambiental.

Estudo 3: Perícia geofísica de falhas em pavimentos rodoviários (adaptado de Sufiyanussuari et al., 2021)
Métodos utilizados: Tomografia de Resistividade Elétrica (ERT 2D), sondagens SPT, poços de inspeção (trial pits) e ensaios Mackintosh Probe.
Resumo técnico
A investigação combinada geofísico-geotécnica foi aplicada para determinar as causas de falhas prematuras em trechos da rodovia FT005 (Rengit e Semerah), construída sobre solos moles marinhos.
Os perfis de ERT (100–200 m de extensão e até 40 m de profundidade) revelaram que:
- a subsuperfície está majoritariamente saturada, com resistividades < 100 Ω·m, característica típica de argilas marinhas moles;
- zonas de resistividade muito baixa indicam camadas espessas de argila muito mole (até 15 m de profundidade);
- há contraste marcante entre camadas superiores rígidas (pavimento + base + laje de concreto) e o subleito extremamente fraco.
As sondagens SPT e ensaios Mackintosh confirmaram:
- valores NSPT = 0–2 até 15 m (argila muito mole), aumentando gradualmente para argilas médias e rígidas abaixo de 20–30 m;
- subleito com baixa capacidade de suporte, totalmente compatível com os valores geofísicos identificados;
- estratigrafia distinta entre pistas adjacentes, associada a métodos construtivos diferentes.
Os poços de inspeção revelaram:
- presença de lajes de concreto, trechos com BRC e outros sem;
- descontinuidades estruturais, como juntas entre lajes e diferenças de rigidez entre métodos antigos e modernos de construção;
- asfaltamento sucessivo elevando a espessura para até 40 cm, aumentando a carga estática sobre solo mole.
Impacto para o projeto
A análise integrada ERT + SPT + ensaios destrutivos permitiu:
- identificar a causa primária das falhas: assentamento diferencial devido a solos moles saturados;
- reconhecer pontos críticos onde mudanças na técnica construtiva criaram zonas de transição rígida/mole;
- explicar rachaduras longitudinais como consequência direta da diferença de rigidez entre pistas, da presença de lajes e do recalque diferenciado;
- orientar medidas corretivas, como estabilização de subleito, substituição de materiais inadequados e melhoria do sistema de drenagem.
O estudo demonstra o potencial da ERT como ferramenta forense em engenharia rodoviária, oferecendo diagnóstico rápido, não destrutivo e com grande profundidade de investigação.



Estudo 4 — Avaliação de estabilidade de taludes com Eletrorresistividade (adaptado de Carvalho, 2021)
Métodos utilizados: Sondagem Elétrica Vertical (SEV) + Caminhamento Elétrico (CE / Dipolo-dipolo) + integração geotécnica e modelos 3D.
Resumo técnico
O estudo integrou métodos elétricos de eletrorresistividade para identificar estruturas internas de taludes — especialmente zonas fraturadas, níveis d’água, contato solo-rocha e potenciais superfícies de ruptura.
Os resultados mostraram:
- zonas de baixa resistividade associadas a fraturas preenchidas por água ou solos mais argilosos, atuando como vias preferenciais para instabilidade;
- camadas mais resistentes (alta resistividade) correspondentes ao topo de rocha sã;
- identificação das três principais estruturas de controle: camadas de cobertura, níveis freáticos e zonas de descontinuidade;
- malhas de caminhamento formando uma imagem 2D e 3D do maciço, permitindo estimar direção do fluxo e regiões com maior risco geotécnico.
Impacto para o projeto
A investigação geofísica permitiu:
- mapear zonas de fraqueza internas invisíveis por métodos tradicionais;
- identificar fraturas profundas e planos de escorregamento antes da ruptura;
- delimitar o nível d’água e sua influência sobre a estabilidade;
- subsidiar ações de estabilização, drenagem, contenção e realocação de estruturas;
- reduzir custos, direcionando perfurações e ensaios apenas para áreas críticas.
O estudo mostrou que a eletrorresistividade, quando integrada a dados geotécnicos, é extremamente eficaz para avaliar taludes, planejar obras de contenção e prevenir acidentes.


Estudos realizados pela GeoBack
Campo Experimental de Engenharia Geotécnica da UEPG
Atendemos Ponta Grossa, Castro, Carambeí, Palmeira e região dos Campos Gerais.
